A Trilha Começa na Mente: O Terreno Psicológico da Corrida na Montanha
- Wania Rennó
- 2 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de abr.

Quando pensamos em correr na montanha, precisamos ter em mente o quanto correr na trilha é imprevisível, desafiador e, claro, profundamente transformador.
Quem já corre trilha sabe que vai encarar o mato, o barro, as subidas e descidas da montanha — e que a mente começa a correr muito antes dos pés tocarem no chão.
O terreno pode mudar, o clima pode virar, mas a maior instabilidade, muitas vezes, está dentro da mente do atleta.
Existe uma grande diferença entre a corrida de rua e a de trilha. Na rua, tudo é mais previsível e medido, enquanto na trilha o atleta precisa lidar com o desconhecido o tempo todo. Costumo dizer para os corredores que querem migrar do asfalto para a trilha: “lembre-se de que montanha não é asfaltada.”
O percurso pode apresentar obstáculos não planejados, a altimetria exige tomadas de decisão rápidas, e a natureza impõe o seu próprio ritmo. Isso exige não só preparo físico, mas também adaptação emocional.
Sentimentos como ansiedade, frustração, autocrítica, comparação com outros atletas — assim como o medo de não conseguir — podem surgir a qualquer momento durante a prova.
Resistência mental aqui não é só sobre “o quanto você aguenta”, mas sobre saber retornar ao tempo presente, lidar com a mudança e confiar em si mesmo, no seu próprio processo.
Mente e pernas correm juntas. Por isso, é tão importante treinar a mente, assim como você já treina o corpo.
E não se trata apenas de pensar positivo. Trata-se de autoconhecimento, de desenvolver autoconsciência (reconhecer suas emoções e seus limites em cada trecho), de fortalecer sua autorregulação emocional (agir com clareza diante do imprevisto), e de praticar foco (evitar pensamentos negativos que causam tensão e bloqueio).
Você pode construir essa base mental com técnicas de respiração, visualização e outras ferramentas psicológicas, que ajudam a formar uma mente mais preparada para encarar tanto o ambiente da montanha quanto o universo interno das emoções e sentimentos.
Como eu já disse antes: a trilha começa na mente. Antes de calçar o tênis, alinhe seus pensamentos, conheça suas emoções, fortaleça o seu “eu”. O solo pode escorregar, o ritmo pode falhar, mas, se a mente estiver firme, a jornada continua até a linha de chegada.
Porque na trilha — assim como na vida — quem se conhece, se adapta. E quem se adapta, evolui. E se precisar de ajuda para construir uma mente forte, procure um psicólogo do esporte — o profissional adequado para te ajudar no fortalecimento da sua mente.
Por Wania Rennó
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