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Entre Neve e Montanhas: Minha Primeira Ultra na Patagônia (Rebeka Oppitz)

Atualizado: 1 de abr.

"Uma jornada emocionante no extremo sul da Patagônia: a primeira ultramaratona de duas amigas unidas por um sonho. Entre desafios como gelo, neve e entorses, enfrentaram os 50 km com determinação e companheirismo, enquanto apreciavam paisagens que pareciam saídas de um filme. Com meses de treinamento, superaram seus limites e cruzaram a linha de chegada com euforia, celebrando uma conquista inesquecível."




Como foi sua experiência correndo no extremo sul da Patagônia?   Desde que pensei em me inscrever, dividi esse sonho com minha amiga Ju. Decidimos que essa seria nossa primeira ultra e que faríamos juntas do início ao fim. Fizemos o ciclo de treinamento todo juntas e chegamos lá prontas e confiantes. Nunca antes tinha ido para uma largada me sentindo tão tranquila. Estar ao lado de quem está sempre nos apoiando é o melhor tranquilizante que existe. Na contagem regressiva, falei pra ela: "Bora curtir o dia fazendo 50K ao lado da minha best!" E, nesse espírito, fomos até o fim. Largamos no escuro, com chuva, 3ºC com sensação de -1ºC. Subindo a montanha, começou a nevar; no alto da montanha, o vento cortava a pele do rosto. Enfim, tivemos todas as adversidades climáticas possíveis, mas apesar de tudo isso achei incrível correr no frio. Muito mais agradável do que no calor!


Quais foram os maiores desafios do percurso de 50 km?   Com certeza o maior desafio foi o gelo nas pedras do Cerro del Medio. Com subida e descida extremamente íngremes, não teve como não escorregar. Os staffs nos instruíram a procurar caminhos com neve ainda não pisada, pois depois de pisada fica uma camada lisa de gelo. Tive um entorse no tornozelo já no km 6, em um deslize na lama, e depois novamente no km 34. Doeu, inchou, mas minha mente estava focada somente em concluir. Não existia outra opção possível. Por isso, sequer cogitei olhar o que havia acontecido; apenas esperei a dor imediata diminuir e segui.


O que mais te surpreendeu durante a prova?   As vistas... Era tudo tão lindo que nem parecia real. As montanhas cobertas de neve, as árvores dos bosques todas iguais e cobertas pela neve. Me sentia no filme Senhor dos Anéis.


Como você se preparou para enfrentar a altimetria acumulada?   Durante todo o ciclo, tive treinos de corrida em esteira inclinada, subida contínua e, mais próximo ao final do ciclo, tiros de rampa. Nos longos de cada sábado sempre havia elevação e o objetivo era manter correndo o tempo todo.


Teve algum momento decisivo que marcou sua corrida?   Nada decisivo.


Qual foi a sensação ao cruzar a linha de chegada?   Euforia... Chegamos gritando muito, balançando a bandeira do Brasil. Uma emoção única de quem venceu seu maior desafio até hoje. E ele não foi vencido só nesse dia: foram meses muito duros de treinamento, com volumes que eu nunca antes havia conseguido fazer. Quando pisamos no tapete azul, olhei pra minha amiga e falei: "Só a gente sabe de onde a gente veio e o que a gente passou pra chegar até aqui". E assim desabamos em lágrimas. Foi lindo demais!





Quais são seus próximos objetivos no trail running?   Correr outras provas UTMB Series, para ter mais chances de ser sorteada e correr o OCC em Chamonix.

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